Este projecto centra o seu campo de investigação no “Algarve de Além-Mar”, território que os portugueses dominaram na margem sul do Estreito de Gibraltar, uma região estratégica ao longo da história, por servir de ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico e entre a Europa e África. A presença portuguesa iniciou-se com a conquista de Ceuta em 1415, alargando-se no século XV a Alcácer Ceguer (KsarSeghir), Arzila (Asilah) e Tânger (Tangier). 

Através de uma uma metodologia transdisciplinar, cruzam-se conhecimento das áreas da arqueologia, história da arte, história, arquitectura e ciências da terra, além das áreas tecnológicas. Adopta-se também uma perspectiva que privilegiará a troca de informação e interpretação de dados entre investigadores portugueses, marroquinos, espanhóis e franceses a trabalhar nesta temática. Assim, este projecto é parte de um programa mais lato de cooperação entre as instituições portuguesas signatárias e instituições estrangeiras de investigação e gestão cultural relacionadas com aquelas quatro cidades. Mais ainda, beneficia do conhecimento adquirido nas últimas décadas por membros desta equipa sobre a presença portuguesa no Norte de África e sua herança patrimonial.

Pesem embora os trabalhos pioneiros na área da história, parece essencial realizar uma nova abordagem à presença portuguesa nesta região: ler o território e os testemunhos materiais como fonte e documento para o conhecimento dos espaços e vivências. Este projecto pretende, pois, investigar e reflectir sobre a paisagem urbana e seus tecidos, bem como os vestígios arqueológicos e arquitectónicos resultantes da presença portuguesa naqueles contextos.

Seguindo esta linha de pesquisa, vários serão os aspectos abordados em função dos dois temas centrais propostos: a apropriação de cidades muçulmanas por cristãos e a caracterização dos aglomerados urbanos portugueses no final da Idade Média e primeiros séculos da Idade Moderna. Assim, no que aos espaços construídos diz respeito ter-se-á em consideração a dimensão e forma das cidades, a sua disposição urbana, a evolução da arquitectura militar, os equipamentos públicos e as formas da habitação, bem como as técnicas e sistemas construtivos inerentes. Quanto às vivências requerem uma atenta reflexão à relação campo/cidade, à transformação social e à logística e abastecimento dos conjuntos urbanos, na sua articulação com as redes comerciais mediterrânea e atlântica, além dos aspectos religiosos e culturais.